O Psicologia Rio tem psicólogos especialistas para o tratamento dos transtornos de personalidade. Conheça agora a Terapia do Esquema para os transtornos de personalidade.
O que são Transtornos da Personalidade?
Transtornos da Personalidade são padrões permanentes de comportamento inadaptativo. Quando traços da personalidade (modos duradouros de perceber ou de se relacionar com o ambiente e pensar sobre si mesmo) tornam-se tão inflexíveis e inadaptativos que prejudicam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo, eles são chamados de transtornos da personalidade. Essas pessoas tendem a experimentar o mundo e a si mesmas de modo que lhe são muito penosos e/ou que prejudicam sua capacidade de adaptar-se à vida diária. Estas experiências começam na infância ou adolescência e persistem no tempo e em diferentes situações, afetando quase todas as áreas da vida da pessoa. As emoções, os pensamentos e os comportamentos particulares experimentados pelo indivíduo variam de acordo com o transtorno específico.
Os Transtornos de Personalidade constituem modos imaturos e inadequados de enfrentamento do estresse ou da solução de problemas. Diferente das pessoas com transtornos do humor ou de ansiedade, os quais também envolve comportamento inadaptativo, as pessoas que possuem transtornos de personalidade muitas vezes não se sentem perturbadas ou ansiosas e podem não ter motivação para mudar o comportamento. Nesses casos, os sintomas são vivenciados pelo indivíduo como “normais” (egossintônico), de forma que a diagnose somente pode ser estabelecida a partir de uma perspectiva exterior.
Há autores que consideram a inflexibilidade adaptativa e os círculos viciosos como dois dos maiores critérios para as perturbações da personalidade: “as estratégias alternativas que o indivíduo emprega para relacionar-se com os outros, para atingir objetivos e para lidar com o estresse não só são poucas, em número, como também parece ser empregadas rigidamente”.
Os transtornos da personalidade compreendem:
a) Transtornos Específicos da Personalidade (Exemplos: personalidades paranóica, esquizóide, dissocial, histriônica, narcisista, anancástica, ansiosa, dependente, com instabilidade emocional);
b) Transtornos Mistos da Personalidade (possui aspectos de vários dos transtornos específicos da personalidade, mas sem um conjunto predominante de sintomas que permitiriam um diagnóstico mais específico).
Causas para os Transtornos de Personalidade
As pesquisas mostram que as causas desses transtornos podem ter componentes genéticos, biológicos e ambientais.
a) Genético: Há muitas pesquisas que sustentam a importância das bases genéticas da personalidade. Estudos com gêmeos, irmãos ou outros familiares indicam que no transtorno de personalidade emocionalmente instável há uma herdabilidade parcial para agressão impulsiva. Uma pesquisa feita na Holanda concluiu que 42% da variação dos sintomas dos indivíduos acometidos por esse tipo de perturbação da personalidade era devido à influência genética e 58% era atribuível a influências ambientais. No entanto, os fatores genéticos para muitos desses transtornos ainda carecem de mais estudos.
b) Biológico: Alguns estudos já conseguem identificar alterações significativas na atividade e dimensão das estruturas cerebrais. Estudos de neuroimagem sobre o transtorno de personalidade boderline (TPB) divulgaram descobertas de redução em regiões do cérebro envolvidas na regulação da resposta ao estresse e emoções, afetando o hipocampo, o córtex orbitofrontal e a amígdala, entre outras áreas. Um estudo descobriu uma atividade incomum na amígdala esquerda de pessoas com esse transtorno quando elas experimentam ou vêem sinais de emoções negativas. Uma vez que as amígdalas são a principal estrutura envolvida na geração de emoções negativas, essa atividade incomumente forte pode explicar a intensidade e longevidade do medo, tristeza, raiva e vergonha experimentado por pessoas com TPB, assim como suas elevadas sensibilidades diante de demonstrações destas emoções por outras pessoas.
c) Ambientais: Traços de personalidade inflexíveis e inadaptativos seriam formados a partir de experiências iniciais da criança mal-sucedidas com seus cuidadores, irmãos, outras crianças e pessoas significativas. Segundo o modelo da terapia do esquema, esses traços de personalidade mal adaptativos recebem o nome de esquemas iniciais desadaptativos (EIDs). Um esquema inicial desadaptativo é um padrão ou tema extremamente forte, estável e duradouro, disfuncional em grau significativo, formado por crenças e sentimentos importantes sobre si mesmo e o ambiente que o indivíduo aceita sem questionar. Exemplos desses temas que desenvolvem os EIDs são: privação emocional, abuso ou maus-tratos, instabilidade emocional de pessoas significativas e abandono, punições severas, subjugação ou rejeição. A criança, para se desenvolver de modo sadio, precisa ser suficientemente estimulada em cinco tarefas desenvolvimentais primárias. São elas: conexão e aceitação; autonomia e desempenho; limites realistas; auto-orientação e auto-expressão; espontaneidade e prazer. Quando uma ou mais dessas tarefas não são realizadas satisfatoriamente por conta dos pais e do ambiente social serem inadequados, a criança desenvolverá EIDs e terá dificuldade no funcionamento em uma ou mais áreas da sua vida.
Tratamento dos Transtornos de Personalidade
A Terapia do Esquema é uma abordagem moderna no tratamento dos transtornos de personalidade. Essa modalidade psicoterapêutica, desenvolvida por Jeffrey E. Young, procurou integrar elementos de outras escolas da Psicologia para propor técnicas cognitivo-comportamentais inovadoras. Ela foi criada inicialmente para atender os chamados pacientes “difíceis” que não se encaixavam nas premissas fundamentais da Terapia Cognitiva padrão para que suas técnicas funcionassem. Nesses pacientes, as técnicas da Terapia Cognitiva de curto prazo não eram tão bem-sucedidas como em outros pacientes com transtornos de sintomas.
Em alguns casos do tratamento dos Transtornos de Personalidade pode ser necessário a administração medicamentosa concomitante ao processo psicoterapêutico.
No tratamento dos transtornos de personalidade com a Terapia do Esquema tem sido utilizado o trabalho com os modos esquemáticos. Os modos esquemáticos são “estados” ativados em situações em determinado momento. Um modo esquemático expressa um conglomerado de EIDs e de estilos de enfrentamento que são ativos simultaneamente em um dado contexto (p. ex., a criança zangada pode envolver EIDs de abandono, defectividade, autocontrole e autodisciplina insuficientes ao mesmo tempo).
Cada paciente tem uma dinâmica de modos esquemáticos característica que será examinada, validada, psicoeducada (demonstrada) e trabalhada durante a psicoterapia, objetivando que ele possa ter uma vida presente mais adaptada.
Para cada transtorno de personalidade existe um padrão prototípico de modos esquemáticos. Segue abaixo os modos esquemáticos típicos para os principais transtornos da personalidade na terapia do esquema:
Transtorno da personalidade paranoide: criança vulnerável (abusada e privada de empatia); hipercompensador (provocativo e ataque, obsessivo supercontrolador); adulto saudável;
Transtorno da personalidade borderline: criança vulnerável (abandonada, abusada e defeituosa); criança zangada; criança indisciplinada-impulsiva; protetor desligado; pais críticos; hipercompensador (provocativo e ataque).
Transtorno da personalidade narcisista: criança vulnerável (solitária e defeituosa); hipercompensador (autoengrandecedor e provocativo e ataque); protetor autoaliviador, protetor desligado; adulto saudável.
Transtorno da personalidade antissocial: criança vulnerável (de difícil acesso ao terapeuta; EIDs associados de privação emocional e abuso); criança indisciplinada-impulsiva; protetor desligado; modos hipercompensadores (manipulador enganador, provocatico e ataque; predador [psicopatas]).
Transtorno da personalidade histriônica: criança vulnerável (privação emocional-cuidado legítimo); hipercompensador (autoengrandecedor; manipulador enganador); protetor autoaliviador.
Transtorno da personalidade dependente: criança vulnerável (dependente e abandonada/abusada); pais punitivos (punem a autonomia da criança); capitulador complacente; adulto saudável.
Transtorno da personalidade evitativa: criança vulnerável (solitária, inferior, abandonada, abusada); protetor desligado; capitulador complacente; adulto saudável.
Transtorno da personalidade anancástica: criança vulnerável (difícil acesso ao terapeuta; EIDs associados de defeito e vulnerabilidade); pais exigentes; hipercompensador (obsessivo supercontrolador e auto engrandecimento); adulto saudável.
O significativo progresso no trabalho com os modos ocorre quando os modos de enfrentamento desadaptativos do paciente são ultrapassados, o terapeuta acessa sua criança vulnerável e promove a reparentalização limitada.
Durante o processo terapêutico há uma sequência de passos para o trabalho com os modos esquemáticos, que vai desde a identificação do “modo” até o trabalho de ressignificação das memórias e a revivência de emoções de situações negativas da infância.
Alexandre Alves – Psicólogo Clínico
CRP 05/39637