A Psicossomática é uma especialidade médica dedicada ao estudo das relações mente-corpo com ênfase na explicação psicológica da patologia somática, uma proposta de assistência integral e uma transcrição para a linguagem psicológica dos sintomas corporais.
Ela trouxe para o pensamento médico- científico e para a prática assistencial o mote clássico: tratar doentes (a pessoa integral) e não doenças.
A Psicossomática baseia-se na observação de que estresses psicológicos e sócio-culturais podem desempenhar um papel na predisposição, início, curso e respostas ao tratamento de algumas alterações fisiológicas e distúrbios orgânicos.
Há três fatores que devem estar presentes simultaneamente para que uma pessoa desenvolva um transtorno psicossomático, conforme segue abaixo:
- Diátese. O indivíduo deve ter uma predisposição biológica ao transtorno orgânico particular. Essa diátese pode ser geneticamente determinada, secundária a trauma ou outros processos patológicos, ou devido a agressões ambientais ou hábitos pessoais prejudiciais.
- Defesa. O indivíduo deve ter uma vulnerabilidade de personalidade – deve haver um tipo ou grau de estresse que os mecanismos de defesa psicológicos e a estrutura de personalidade do indivíduo não possam manejar ou conter.
- Estresse. O indivíduo deve experimentar um estresse psicossocial e significativo na área suscetível de sua personalidade.
Eis alguns exemplos de alterações fisiológicas e distúrbios orgânicos decorrentes dos processos emocionais:
a – Distúrbios Cardiovasculares (infarto, derrame, hipertensão, arritmias). Situações de pressão emocional estimulam a liberação dos hormônios adrenalina, noradrenalina e cortisol, entre outros. Com isso, o coração bate mais rápido, a pressão arterial sobe e as taxas de colesterol aumentam. Um estudo com pacientes de hipertensão mostrou que 80% deles associaram a crise de pressão alta a um evento de desgaste emocional.
b – Dores Crônicas (dor nas costas, cefaléias, dor pré-menstrual, fibromialgia, síndrome da fadiga crônica). A descarga de adrenalina e cortisol na corrente sanguínea reduz a produção de endorfina e serotonina, substâncias associadas ao alívio da dor e à sensação de bem-estar, respectivamente. Vários estudos já mostraram que um evento emocionalmente desgastante pode aumentar a sensação dolorosa em até 20%.
c – Afecções Dermatológicas (hiperidrose, prurido, dermatite, queda de cabelo, psoríase, herpes, vitiligo). É bastante comum sentir na pele aflições psíquicas. Isso porque a pele é um órgão repleto de terminações nervosas, o que a torna muito sensível às alterações da química cerebral. Pessoas ansiosas, depressivas e estressadas tendem a desenvolver ou piorar problemas como dermatite, acne, psoríase e queda de cabelo.
d – Doenças Endócrinas (diabetes tipo 2, hiper ou hipotireoidismo e hipoglicemia). Como o hipotálamo modula também as defesas do organismo, um problema de ordem emocional pode desencadear um ataque do sistema imunológico à tireóide e ao pâncreas, o órgão produtor da insulina. A descarga hormonal desregula a liberação de glicose na corrente sanguínea, o que leva ao diabetes ou à hipoglicemia.
e – Problemas Gastrointestinais (distúrbios esofágicos, dispepsia, diverticulite, diarréia, constipação, gastrite, úlcera gástrica, síndrome do intestino irritável, retocolite ulcerativa). Em resposta à pressão emocional, o organismo aumenta a produção de substâncias tóxicas ao estômago e aos intestinos. Em 75% dos casos, a colite ulcerativa é psicossomática. O desequilíbrio na produção de noradrenalina e cortisol aumenta ou reduz, ainda, os movimentos intestinais, agravando alguns distúrbios, como a diverticulose.
f – Problemas Respiratórios (asma, hiperventilação, rinite alérgica). Problemas de ordem emocional podem desequilibrar a produção das substâncias envolvidas na dilatação dos brônquios, agravando os sintomas de asma. Pode ocorrer ainda uma resposta desmedida do sistema imunológico a determinados alérgenos como poeira, deflagrando uma crise alérgica.
g – Distúrbios Imunológicos (lúpus, artrite reumatóide, depressão imune inespecífica). A atividade integrada entre o hipotálamo, a hipófise e a glândula supra-renal repercute diretamente no sistema imunológico. Com a falta de sintonia entre esses sistemas, as células de defesa passam a atacar outras células do organismo.
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