O Psicologia Rio oferece tratamento do déficit de atenção e hiperatividade. Conheça agora algumas técnicas da terapia cognitivo-comportamental usadas no TDAH.
O que é o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH)?
De acordo com o Manual Diagnostico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR), o transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é uma síndrome comportamental caracterizada pela presença persistente (isto é, por seis meses ou mais) de seis ou mais sintomas envolvendo (a) desatenção (p. ex., fracasso em completar tarefas ou escutar com atenção, dificuldade de concentração, distratibilidade) ou (b) impulsividade ou hiperatividade (dar respostas precipitadas; impaciência; inquietude; agitação; dificuldade para organizar o trabalho, revezar-se ou permanecer sentado; conversar excessivamente; correr e escalar em demasia). Os sintomas, que comprometem o funcionamento social, acadêmico ou ocupacional, começam a aparecer antes dos 7 anos e são observados em mais de um contexto. Estima-se que o TDAH esteja presente em 3 a 7% das crianças em idade escolar. O diagnóstico de TDAH pode ainda ser feito na vida adulta.
É comum escutarmos as seguintes frases para descrever os portadores de TDAH:
- “Vivem no mundo da lua”.
- “Estão sempre a mil por hora”.
- “Não termina as tarefas”.
- “Costuma perder as coisas”.
- “Meu filho parece não ouvir”.
- “Só desliga a bateria quando dorme”.
- “Ligados em uma tomada de 220v”.
Destacam-se três tipos de manifestação do TDAH:
- Predominantemente Desatento (28% a 31%);
- Predominantemente Hiperativo (7% a 9%);
- Tipo Combinado (60% a 65%).
Dentre as comorbidades comuns a esse transtorno destacam-se:
- Transtorno de desafio e oposição – até 84%.
- Transtorno de conduta – 15 a 56%.
- Depressão – 15 a 75%.
- Transtornos de ansiedade – 27 a 30%.
- Síndrome de La Tourette – 12 a 34%.
- Transtorno Bipolar – 6 a 27%.
- Abuso e dependência de substâncias – 9 a 40%.
Quais os sinais e sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH)?
· Desatenção: Não presta atenção a detalhes ou comete erros por omissão em atividades escolares (ou trabalho); tem dificuldade para manter atenção em tarefas ou atividades lúdicas; parece não ouvir quando lhe dirigem a palavra; não segue instrução e não termina seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais (não devido a comportamento de oposição ou incapacidade de compreender instruções); dificuldade para organizar tarefas e atividades; evita, demonstra ojeriza ou reluta em envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa); perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (como brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros); é facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa; apresenta esquecimento em atividades diárias.
· Hiperatividade: agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira; abandona sua cadeira na sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado; corre ou escala em demasia, em situações impróprias (em adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações subjetivas de inquietação); dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer; está frequentemente “a mil” ou age como se estivesse “a todo vapor”; fala em demasia.
· Impulsividade: Dá respostas precipitadas antes que as perguntas tenham sido completamente formuladas; tem dificuldade para aguardar sua vez; interrompe ou se intromete em assuntos alheios.
Quais as causas do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH)?
· Fatores genéticos: Estudos com gêmeos mostram que existe uma maior incidência do TDAH em gêmeos monozigóticos; Quando um pai apresenta o transtorno, o risco do filho ter é superior a 50%.
· Fatores neuroquímicos: Em indivíduos portadores de TDAH, foram observados alterações no córtex pré-frontal e de estruturas subcorticais no cérebro. Essas alterações seriam responsáveis pelo déficit no comportamento inibitório e das funções executivas. Foi observado também uma diminuição do fluxo sanguíneo nos lobos frontais.
· Outras causas: Tabagismo e consumo de álcool materno; carga elevada de chumbo nos primeiros anos de vida; infecção por estreptococos; medicamentos anticonvulsivos antigos. As evidências de fatores psicossociais são fracas.
Tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH)
O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade pode provocar baixa autoestima, falta de motivação nos estudos, dificuldade de solucionar problemas, comprometimento social e problemas acadêmicos e ocupacionais.
O tratamento para o transtorno do déficit de atenção/hiperatividade costuma integrar psicofármaco, técnicas da terapia cognitivo-comportamental (TCC), técnicas de mindfulness, orientação de pais e professores e treinamento em habilidades sociais.
O protocolo da terapia cognitivo-comportamental para o TDAH costuma abarcar pelo menos esses aspectos:
1. Avaliação: O diagnóstico não se baseia na simples presença dos sintomas, mas em sua gravidade e duração, e em que extensão interferem na vida cotidiana. O terapeuta faz uma investigação do antecedente familiar, aplica questionários com os pais e professores (SNAP IV), busca informações com outros profissionais que atendem a criança (exame médico), solicita exame neuropsicológico e observa clinicamente as reações do paciente no consultório.
2. Psicoeducação: O terapeuta dá informações aos pais e professores em relação às causas do comportamento e auxilia na correção de informações incorretas. Procura desfazer rótulos negativos, como “vagabundo” e “preguiçoso”. Nesta etapa ele também procura melhorar a autoestima da criança/adolescente. Pode ser sugerido leituras especializadas para um melhor entendimento e manejo das dificuldades do TDAH.
3. Treinamento de pais e professores: A técnica dos oito passos (Barkley, 2002) é utilizada com os pais e contribui para o reforço dos comportamentos positivos da criança e para um melhor manejo dos seus comportamentos problemáticos. Criar um caderno/agenda de comunicação com a família para os professores também é uma boa maneira de monitorar os comportamentos e dificuldades da criança.
4. Técnicas da TCC: Técnicas de auto-instrução (falando consigo mesmo), solução de problemas, autocontrole, auto-organização (cronograma, agenda), controle do estímulo, reforço comportamental positivo (p. ex.,economia das fichas) e aplicação de penalidades para corrigir formas mais sérias de mau comportamento.
5. Treinamento em Habilidades Sociais: Habilidades de civilidade, de treinamento da escuta, de aguardar a vez de falar, de dar atenção a pessoa que está falando, de tolerar a frustração, de aceitação de regras e outras são desenvolvidas durante o tratamento.
Alexandre Alves – Psicólogo Clínico
CRP 05-39637