Mecanismos de Defesa ao Estresse | Psicologo Rio de Janeiro RJ

Mecanismos de Defesa ao Estresse

Os mecanismos de defesa ao estresse (ou formas de manejo) são processos psicológicos automáticos que protegem o indivíduo contra a ansiedade e a conscientização quanto a ameaças ou estressores internos ou externos. As pessoas frequentemente não têm consciência desses processos, enquanto eles operam. Os mecanismos de defesa intermedeiam a reação do indivíduo a conflitos emocionais e a estressores internos e externos. Os mecanismos de defesa do indivíduo ao estresse são divididos, conceitual e empiricamente, em grupos correlatos, denominados Níveis de Defesa.

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR; Associação de Psiquiatria Americana, 2002), a escala de funcionamento defensivo é composta pelos níveis de defesa e mecanismos de defesa ao estresse individuais.

Esta escala é usada para que o clínico possa listar as defesas ou estilos de enfrentamento específicos e indicar o nível de defesa predominante apresentado pelo paciente durante a avaliação clínica.

Níveis de defesa e mecanismos de defesa ao estresse individuais

Alto nível adaptativo. Este nível de funcionamento defensivo resulta em adaptação muito favorável no manejo de estressores. Essas defesas geralmente maximizam a gratificação e permitem a conscientização de sentimentos, ideias e suas consequências. Elas também promovem um equilíbrio favorável entre motivos conflitantes. Exemplos de defesas deste nível:

  • Afiliação
  • Altruísmo
  • Antecipação
  • Auto-afirmação
  • Auto-observação
  • Humor
  • Sublimação
  • Supressão


Nível das inibições mentais (formação de compromisso).
O funcionamento defensivo neste nível mantém ideias, sentimentos, recordações, desejos ou temores potencialmente ameaçadores fora da consciência. Exemplos:

  • Anulação
  • Deslocamento
  • Dissociação
  • Formação reativa
  • Intelectualização
  • Isolamento do afeto
  • Repressão


Nível de leve distorção da imagem.
Este nível caracteriza-se por distorções na imagem de si mesmo, do corpo ou de outros, podendo ser empregado para regular a auto-estima. Exemplos:

  • Desvalorização
  • Idealização
  • Onipotência


Nível da negação.
Este nível caracteriza-se pela exclusão da consciência de estressores, impulsos, ideias, afetos ou responsabilidades desagradáveis ou inaceitáveis, com ou sem uma atribuição incorreta destes a causas externas. Exemplos:

  • Negação
  • Projeção
  • Racionalização


Nível de importante distorção da imagem.
Este nível caracteriza-se por uma ampla distorção ou descrição incorreta da imagem, própria ou de outros. Exemplos:

  • Cisão da auto-imagem ou da imagem alheia
  • Fantasia autista
  • Identificação projetiva


Nível da ação.
Este nível é caracterizado por um funcionamento defensivo que lida com os estressores internos ou externos pela ação ou pelo retraimento. Exemplos:

  • Atuação (acting out)
  • Agressividade passiva
  • Queixa com rejeição de ajuda
  • Retraimento apático


Nível de desregulação defensiva.
Este nível é caracterizado pelo fracasso da regulação defensiva em conter a reação do indivíduo a estressores, levando a uma ruptura pronunciada com a realidade. Exemplos:

  • Distorção psicótica
  • Negação psicótica
  • Projeção delirante


Mecanismos Específicos de Defesa e Estilos de Enfrentamento

  • Afiliação. O individuo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos, voltando-se para outros em busca de ajuda e amparo. Isso envolve o compartilhar de problemas com outras pessoas, mas não implica responsabilizá-las por eles.
  • Agressividade passiva. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos expressando agressividade em relação aos outros de forma indireta e não declarada. Existe uma fachada de colaboração que mascara a resistência, o ressentimento ou a hostilidade ocultos. A agressividade passiva muitas vezes ocorre em resposta a demandas de ação ou desempenho independente ou à ausência de gratificação de desejos dependentes, mas pode ser adaptativa para indivíduos em posições subalternas que não tem outra forma de expressar reivindicações de modo mais aberto.
  • Altruísmo. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos mediante a dedicação a satisfazer as necessidades alheias. Ao contrário do auto-sacrifício, por vezes característico da formação reativa, o indivíduo recebe gratificação substitutiva ou a partir da resposta dos outros.
  • Anulação. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos mediante palavras ou comportamentos destinados a negar ou corrigir simbolicamente pensamentos, sentimentos ou ações inaceitáveis.
  • Antecipação. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos mediante a experiência antecipada de reações emocionais ou antecipação das consequências de possíveis eventos futuros, considerando respostas ou soluções alternativas e realistas.
  • Atuação (acting out). O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos pela ação, em vez de reflexões ou sentimentos. Esta definição é mais ampla do que o conceito original de atuação transferencial de sentimentos ou desejos durante a psicoterapia e visa incluir o comportamento que surge tanto dentro quanto fora da relação transferencial. A atuação defensiva não é sinônimo de “mau comportamento”, porque exige evidências de que o comportamento está relacionado a conflitos emocionais.
  • Auto-afirmação. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos expressando seus sentimentos e pensamentos diretamente, de um modo que não seja coercitivo ou manipulador.
  • Auto-observação. O indivíduo lida com o conflito ou estressores internos ou externos refletindo sobre seus próprios pensamentos, sentimentos, motivações e comportamento e dando respostas adequadas.
  • Cisão. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos compartimentando estados afetivos opostos, na conseguindo integrar as qualidades positivas e negativas, próprias ou alheias, em imagens coerentes. Uma vez que afetos ambivalentes não podem ser vivenciados simultaneamente, as imagens e expectativas mais equilibradas de si próprio e de outros são excluídas da experiência consciente. As imagens de si próprio e dos objetos tendem a alternar-se entre opostos polarizados: exclusivamente amoroso, poderoso, digno, gentil e apoiador – ou exclusivamente mau, detestável, colérico, destrutivo, rechaçante ou indigno.
  • Deslocamento. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos transferindo um sentimento ou uma resposta concernente a um objeto para outro objeto substituto (habitualmente menos ameaçador).
  • Desvalorização. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos atribuindo qualidades exageradamente negativas a si mesmo ou a outros.
  • Dissociação. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos com uma ruptura das funções habitualmente integradas de consciência, memória, percepção de si mesmo ou do ambiente ou comportamento sensório/motor.
  • Fantasia autista. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos mediante devaneios excessivos, como um substituto para relacionamentos humanos, ações mais efetivas ou resolução de problemas.
  • Formação reativa. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos substituindo seus próprios pensamentos ou sentimentos inaceitáveis por um comportamento, pensamentos ou sentimentos diametralmente opostos (isto em geral ocorre com a repressão destes).
  • Humor. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos salientando os aspectos divertidos ou irônicos do conflito ou estressor.
  • Idealização. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos atribuindo a outros qualidades positivas exageradas.
  • Identificação projetiva. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos atribuindo falsamente a outra pessoa seus próprios sentimentos, impulsos ou pensamentos inaceitáveis. À diferença da projeção simples, o indivíduo não rejeita completamente o que é projetado. Em vez disso, ele permanece consciente de seus próprios afetos ou impulsos, só que os qualifica incorretamente como reações justas à outra pessoa. Não raro, o indivíduo induz em outros os próprios sentimentos que inicialmente acreditava, de forma errônea, existirem neles, tornando difícil esclarecer quem fez o quê, a quem, primeiro.
  • Intelectualização. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos mediante o uso excessivo do pensamento abstrato ou de generalizações, para controlar ou minimizar sentimentos perturbadores.
  • Isolamento de afeto. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos mediante a separação entre ideias e os sentimentos originalmente associados a eles. O indivíduo perde o contato com os sentimentos associados com determinada ideia (p. ex., um acontecimento traumático), permanecendo consciente dos elementos cognitivos desta.
  • Negação. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos recusando-se a reconhecer algum aspecto doloroso da realidade externa ou da experiência subjetiva que seria visível aos outros. O termo negação psicótica é usado quando existe amplo prejuízo no teste de realidade.
  • Onipotência. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos sentindo ou agindo como se fosse detentor de poderes ou capacidades especiais e como se fosse superior aos outros.
  • Projeção. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos atribuindo falsamente a outra pessoa seus próprios sentimentos, impulsos ou pensamentos inaceitáveis.
  • Queixa com rejeição de ajuda. O indivíduo lida com conflito emocional ou estressores internos ou externos fazendo queixas ou repetidos pedidos de ajuda, que disfarçam sentimentos velados de hostilidade ou reprovação aos outros, os quais são expressados mediante rejeição das sugestões, dos conselhos ou da ajuda oferecidos pelos outros. As queixas ou solicitações podem envolver sintomas físicos ou psicológicos ou problemas da vida.
  • Racionalização. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos encobrindo as verdadeiras motivações para seus próprios pensamentos, ações ou sentimentos, por meio da elaboração de explicações confortadoras ou satisfatórias, porém incorretas.
  • Repressão. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos expelindo da consciência desejos, pensamentos ou experiências perturbadoras. O componente emocional pode permanecer consciente, separado de suas ideias associadas.
  • Sublimação. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos canalizando sentimentos ou impulsos potencialmente mal adaptativos para um comportamento socialmente aceitável (p. ex., esportes de contato para canalizar impulsos agressivos).
  • Supressão. O indivíduo lida com o conflito emocional ou estressores internos ou externos evitando deliberadamente pensar em problemas, desejos, sentimentos ou experiências perturbadoras.

 

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Fonte: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR; Associação de Psiquiatria Americana, 2002)

Alexandre Alves – Psicólogo Clínico
CRP 05/39637