O que são valores?
Sob a ótica da psicologia, valores são princípios ou preceitos morais, sociais ou estéticos aceitos por um indivíduo como um guia para o que é bom, desejável ou importante. Valores são os objetivos vitais que uma pessoa tem na vida, aquilo que ela considera importante, dando qualidade e sentido a nossos atos.
Na terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), um dos objetivos-chaves é que o indivíduo possa identificar seus valores e ter clareza sobre a importância de cada um deles na vida. Há duas razões básicas para isso: para que possa ser coerente com seus valores e para que estes possam formar a base de suas ações de compromisso.
Identificar os valores pode não ser uma tarefa fácil, e alguns valores que identificamos podem também não ser verdadeiramente intrínsecos, ou seja, aquilo que realmente é motivado de dentro da pessoa. Além disso, os valores também mudam ao longo tempo, daí a importância de reexaminá-los de tempos em tempos.
Exemplos de valores podem ser: aprendizagem, autonomia, liberdade, família, cooperação, harmonia, entusiasmo, honestidade, justiça, responsabilidade, realização, sabedoria, simplicidade, vitalidade, zelo, proteção, organização e muitos outros.
Uma forma de ter claro o que exatamente gostaríamos de atingir e como poderíamos definir cada um desses valores é descrevendo uma “direção valiosa” para cada um deles. Em outras palavras, explicar como sabemos que estamos nos aproximando de nossa aspiração nesse valor de modo concreto. (p.ex., digamos que casamento/relacionamento seja um valor seu, a narração da direção valiosa poderia ser: “ter uma relação conjugal satisfatória, autêntica e compromissada”).
Há uma grande diferença entre os objetivos baseados em valores com os objetivos que temos de modo habitual (não relacionados com valores). Esses objetivos são flexíveis e nada acontece se não forem atingidos, pois podem ser substituídos por outros, igualmente importantes, e que nos aproximam dos valores proporcionando bem-estar. Um exemplo pode ser a escolha profissional: Se meu principal valor são as inquietações sociais vinculadas a espiritualidade, a pessoa pode ter vontade de ajudar os outros e essa aspiração poderá ser conduzida pelo estudo de qualquer profissão ligada à saúde social.
Entretanto, os objetivos da maioria das pessoas não estão suficientemente ancorados em valores e, portanto, não são flexíveis, mas restritos, e assim não podem ser substituídos por outros. No exemplo acima, o objetivo poderia estar limitado a uma única profissão (como a medicina ou enfermagem), o que pode se converter em uma fonte de frustração e sofrimento, caso o objetivo não seja atingido.
Na terapia Comportamental Baseada na Aceitação (TCBA), o cliente recebe questionários e formulários para identificar os seus valores e monitorar suas ações valorizadas realizadas e/ou perdidas, além do nível de mindfulness (atenção plena) presente no momento da ação.
A identificação dos valores passa pela capacidade da pessoa refletir sobre como gostaria de ser, de viver e de se relacionar consigo mesmo, com os outros e com a vida.
Para que serve a identificação dos valores?
De um modo geral, a clareza dos valores está associada a qualidades positivas, como maior bem-estar psicológico, menor frequência de transtornos psiquiátricos, bem como maior resiliência e força de caráter.
Além disso, os valores são peças importantes para o indivíduo poder sentir que sua vida tem um sentido e um propósito, o que leva a um “viver” mais produtivo e gratificante.
Eis uma prática que pode auxiliar a pessoa se conectar mais emocionalmente com seus valores:
Prática: A Despedida
• Adote sua postura habitual de meditação. Tome consciência de todo corpo e respire algumas vezes, com atenção. Imagine à sua frente uma tela preta de cinema, enorme.
• Imagine que você está dirigindo sozinho por uma estrada e sofre um acidente. Seu carro perde o controle e colide com agrade do acostamento. Você sente que está gravemente ferido e preso nas ferragens. Sabe que lhe restam poucos minutos de vida.
• Pense que morrerá de uma forma completamente inesperada. Está consciente de todas questões pendentes em sua vida (e todas eram importantes). Pensa que é um dos piores momentos da sua vida para morrer, mas percebe que será inevitável. O que gostaria de fazer nesses poucos minutos de vida que lhe restam? Gostaria de falar com alguém? O que lhe diria? Gostaria de resolver alguns desses temas pendentes? Em que sentido?
• Se você morrer nesse momento, quais as questões importantes que ficarão sem resolução? Que aspectos da sua vida ou de seus relacionamentos gostaria de modificar? Reflita alguns segundos sobre isso. A boa notícia é que você não vai morrer. Acredita que alguns desses assuntos poderiam ser resolvidos agora? Ainda há tempo.
• Aos poucos, a imagem desaparece. Preste atenção na respiração por alguns segundos e no corpo como um todo. Quando quiser, abra os olhos e movimente-se.
Na Psicologia Rio temos programas terapêuticos para ajudá-lo (a) a identificar seus valores e realizar ações valorizadas.
“Quem está consciente dos seus valores vive melhor!”