Prática da Compaixão para Promover maior Bem-Estar Emocional
O que é Compaixão?
Uma das definições científicas mais aceitas para compaixão é o sentimento que surge ao se presenciar o sofrimento do outro e que implica um desejo de ajudar. No entanto, é de serventia ampliar um pouco mais esse conceito. Uma das definições citadas com mais frequência, tanto no contexto do budismo como em mindfulness, é a do Dalai Lama: “A compaixão consiste no desejo de que todos os seres sensíveis estejam livres do sofrimento”.
Os dois elementos-chave da compaixão são, por um lado, a sensibilidade ao sofrimento dos outros e de si próprio e, por outro, o compromisso de aliviar esse sofrimento. A sensibilidade ao sofrimento baseia-se na empatia, na compreensão dos estados de sua própria mente e da mente do outro.
Quais os benefícios da prática da Compaixão?
A prática da compaixão conhecida como Metta (bondade amorosa) é clássica no budismo tibetano, e tem sido cada vez mais utilizada nos programas laicos ou seculares de mindfulness. Dentro dos programas de mindfulness as práticas de compaixão estão orientadas, em primeiro lugar, ao próprio praticante (auto-compaixão). Sabe-se que os sentimentos de culpa, vergonha e autocrítica estão associados com a ruminação de pensamentos negativos e são muito frequentes em pacientes com depressão, como também na população em geral. Associam-se ainda a uma maior frequência de recaídas em casos de depressão, como também à hostilidade, autocrítica e incapacidade de gerar sentimentos de gentileza e cordialidade da pessoa sobre ela mesma e sobre os demais.
Com esta prática se pretende desenvolver sentimentos de afeto e amorosidade do praticante com ele mesmo, e sobre toda a humanidade e demais seres vivos.
Como praticar a Compaixão?
Essa prática é uma adaptação livre de uma técnica chamada em inglês de “Kindly Awareness”. Nela treinamos nossa mente, ou consciência, para uma atitude empática em relação a nós mesmos e ao outro. É traduzida para o português como “meditação da compaixão”, entendendo compaixão como aceitação não-crítica ou não-julgadora do outro, independente das relações emocionais construídas ao longo do tempo. Podemos seguir os seguintes passos:
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Passo1. Adotando uma posição confortável, sentado ou deitado, deixar o corpo se estabilizar na posição, lenta e gentilmente, fechando então os olhos.
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Passo 2. Em seguida, imaginar que você está meditando sozinho, praticando a “meditação com foco na respiração”, em um lugar cômodo de sua preferência. Lentamente comece a tomar consciência da sua própria condição humana, como se fosse um observador externo de si mesmo, mantendo uma atitude não-crítica, com aceitação e curiosidade, de forma suave e amável com você mesmo (a mesma atitude que costumamos ter com os bebês e crianças pequenas). Explore, por alguns momentos, suas angústias, medos, fragilidades, e imperfeições, assim como suas conquistas, momentos felizes e agradáveis. Se quiser, você pode imaginar frases amáveis para você mesmo: “que seja feliz”, “que tenha paz”, “que esteja bem”. Permaneça nesse estado durante algum tempo.
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Passo 3. Quando quiser, comece a imaginar agora que uma pessoa, com a qual tem uma boa relação, aproxima e se senta ao seu lado, iniciando uma meditação junto com você. De preferência, imagina uma pessoa com a qual você tem uma relação fraterna, sem vínculo amoroso. Assim como fez sobre você mesmo, tome consciência da condição humana de seu amigo(a), mantendo também uma atitude não-crítica, com aceitação e curiosidade. Explore, por algum tempo, as suas angústias, medos, fragilidades, e imperfeições, assim como conquistas, momentos felizes e agradáveis dela. Permaneça nesse estado durante algum tempo. Se quiser, você pode imaginar frases amáveis para o(a) seu amigo(a): “que seja feliz”, “que tenha paz”, “que esteja bem”. Permaneça nesse estado durante algum tempo. Por último, pode imaginar que a pessoa se despede gentilmente, deixando você sozinho novamente.
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Passo 4. Imagine agora que uma pessoa com a qual você tem uma relação neutra, nem fraterna e nem conflituosa, aproxima e se senta ao seu lado, iniciando também uma meditação com você. Assim como fez com você mesmo e seu amigo(a), tome consciência da condição humana dessa pessoa neutra, mantendo também uma atitude não-crítica, com aceitação e curiosidade. Explore também, por algum tempo, as angústias, medos, fragilidades, dificuldades e imperfeições dessa pessoa, assim como suas conquistas, momentos felizes, agradáveis, e de sucesso. Permaneça nesse estado durante algum tempo. Se quiser, você pode imaginar frases amáveis para essa pessoa neutra: “que seja feliz”, “que tenha paz”, “que esteja bem”. Permaneça nesse estado durante algum tempo. Por último, pode imaginar que a pessoa se despede gentilmente, deixando você sozinho novamente.
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Passo 5. Agora, quando quiser, imagine que uma pessoa com a qual você tem alguma relação conflituosa nesse momento, aproxima e se senta ao seu lado, iniciando também uma meditação junto com você. Se estiver fazendo a prática pela primeira vez, é melhor que imagine alguma pessoa com a qual tenha apenas um pequeno conflito nesse momento, evitando assim uma sobrecarga emocional. Assim como fez com você mesmo e as outras pessoas, tome consciência da condição humana dessa pessoa com a qual tenha algum conflito, mantendo também uma atitude não-crítica, com aceitação e curiosidade. Explore também, por algum tempo, as angústias, medos, fragilidades, dificuldades e imperfeições dessa pessoa, assim como suas conquistas, momentos felizes, agradáveis e de sucesso. Permaneça nesse estado durante algum tempo. Se quiser, você pode imaginar frases amáveis para essa pessoa: “que seja feliz”, “que tenha paz”, “que esteja bem”. Permaneça nesse estado durante algum tempo. Por último, pode imaginar que a pessoa se despede gentilmente, deixando você sozinho novamente.
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Passo 6. Por fim, imagine que agora você convida todas as três pessoas, com as quais você tem respectivamente relações boas, neutras e conflituosas, para meditarem ao mesmo tempo ao seu lado. Permaneça nesse estado por algum tempo, e então imagine que essas pessoas se despedem gentilmente de você, deixando-o novamente meditando sozinho.
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Passo 7. Após meditar sozinho por mais algum tempo, traga novamente a sua atenção e observação consciente para as sensações em todo o seu corpo nesse momento, e lenta e gradualmente termine a sua prática.
“Quem pratica a compaixão vive melhor!”